Junta de Freguesia de Santulhão
Junta de Freguesia de Santulhão
População
423 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, olivicultura, construção civil, hotelaria e comércio.
Festas e Romarias
S. Lázaro (1.ª semana de Agosto).
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capelas, Pelourinho, Ponte e Fontes Romanas, Casa Tradicional e Casa com Brasão.
Gastronomia
Enchidos, posta mirandesa, cordeiro assado, doçaria caseira, azeite e azeitona Santulhana.
Colectividades
Santa Casa da Misericórdia de Santulhão, Grupo Recreativo e Desportivo, Associação de Melhoramentos Santulhana e Associação de Caça e Pesca.
Outros locais de interesse turístico
Rios, Castro de Abrunheira, extinta aldeia de S. Mamede e zonas de pesca e de caça.
Artesanato
Trabalhos em madeira, rendas e bordados, linho e lã, latoaria.
A 17 Kms da sede de concelho, a freguesia de Santulhão encontra-se a noroeste da vila de Vimioso. O seu antigo povoamento pode ser atestado através do Castro da Abrunheira. Situada em local elevado, de acordo com as condições habituais dos povos castrejos, permitia a defesa das populações que a habitavam e a sua sobrevivência, já que perto, passavam diversos cursos de água.
Refere o Prof. Serafim dos Santos Alves do Rosário, em jeito de malancólica poesia, em relação ao grande penedo que marca hoje a presença do antigo reduto castrejo: “ A sua história perde-se no tempo e na lenda. Nas manhãs de S. João dizem que lá aparece a moura encantada penteando-se com os seus pentes de ouro. Isto é a lenda, e a história verdadeira. Pois amigos, o Penedo da Abrunheira é um castro com vestígios ainda bem reconhecidos e, como tal, deverá ser preservado e não abandonado. É um monumento para estimar”.
Quanto ao nome da freguesia, deriva de S. Julião. No primeiro documento sobre a freguesia, em finais do século XII, aparece já “Villam Sancti Juliani”, ou seja, Aldeia de S. Julião. Com a evolução temporal e linguística, o topónimo degenerou para Santulam, Santillaao, Santulham e finalmente Santulhão.
O povoamento de Santulhão, depois das algariadas mouriscas do século VIII, iniciou-se em meados do século XIII, pelos frades de Castro Avelãs. Em termos de documentação escrita, 1187 é a data da primeira referência à freguesia que, nessa data, passava para as mãos daquele mosteiro, em troca de uma herdade que a coroa desejava deter em Bragança. Entre outros assuntos, o documento demarca o termo de Santulhão: “e em Carzom pelo Seixo e dy á horreta Fremosa… e da outra parte peloTeixugueira, e dy ao marco de Val de Fontes e dy ao marco do Lombo do Abroteal e dy á Pena Curva de Veigas de Martim e dy ao casal de Avolineira”.
Santulhão voltaria para o rei no tempo de D. Dinis, que lhe doou foral em 4 de Julho de 1288, e visitou a freguesia em 9 de Dezembro de 1289. Em 23 de Fevereiro de 1418, D. João I apontava as terras e paróquias que constituíram o termo do “Castello douteiro demiranda”.
Até 1853, Santulhão pertenceu ao concelho de Outeiro. Com a extinção deste, na sequência de uma grande reorganização administrativa do país, passou para Vimioso, tal como outras freguesias deste concelho.
Num fenómeno que se tem vindo a generalizar no interior português, a evolução demográfica da freguesia tem sido negativa. Sobretudo a partir de metade do século XX, a população começou a decrescer, numa tendência relacionada com a forte emigração que se verificou em todo o país durante esse período. Assim, se até 1940 o número de habitantes de Santulhão aumentou, atingindo 1204 pessoas, a partir daí não cessou de descer. Em 1980 eram apenas 873 habitantes e no último recenseamento geral da população, realizado em 2001 eram 508. A tendência continua a ser, pois, para decréscimo.
No “Guia de Portugal” da Fundação Calouste Gulbenkian, encontramos uma interessante referência a Santulhão: “A mesma estrada que serve Argoselo, prossegue para sudoeste, dando acessos carroçáveis às populações antigas e rivais de Carção e Santulhão, esta última fronteira da povoação de Izeda, situada além Sabor”.
Sobre o Rio Sabor, ainda nos meados do século XVIII, existia, entre ambas, uma longa ponte, de construção atribuída aos romanos, de cinco arcos: quatro medianos e o do meio bastante grande”.
Em relação ao património edificado de Santulhão, começamos exactamente pela ponte que divide Santulhão, e Izeda e que José Augusto Sant’Anna Dionisio refere na sua viagem por terras transmontanas.
Citada já nas “Memórias Paroquiais” de 1758 e, referida messa altura como muito antiga, sofreu uma reconstrução na primeira metade do século XX, depois de uma enorme cheia a ter praticamente derruído em 1860.
Temos, também, a igreja paroquial como referência incontornável. Muito grande, de abóbada em berço, merece destaque no seu interior, a talha bem conservada e dois quadros com pinturas sagradas, anónimos mas de excelente qualidade, que se encontram na capela-mor. Pouco resta das suas características iniciais, já que uma reconstrução de 1862, numa data em que o templo ameaçava ruína, alterou completamente a sua traça. Apenas a capela-mor e a sacristia são as mesmas de sempre. Voltou a sofrer obras de conservação em 1970.
A Santa Casa da Misericórdia, com a sua capela é, bem podemos dizê-lo, o orgulho das gentes de Santulhão. Poucas são as aldeias que se podem gabar de ter uma Misericórdia. Santulhão é uma delas, facto que demonstra a sua importância de outrora nesta região interior do país.
Embora não se saiba com exactidão a data da sua constituição, sabe-se que já existia em 1758, de acordo com as “Memórias Paroquiais” de 1758, em que o pároco local menciona a confraria da Misericórdia. A capela ostenta, na sua frontaria, a data de 1623, data essa que poderá muito bem ser aquela em que o templo foi construído e, em consequência, a própria Misericórdia surgiu.