Junta de Freguesia de Pinelo
Junta de Freguesia de Pinelo
População
222 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, olivicultura, moagem, serração de madeiras e comércio.
Festas e romarias
St.ª Bárbara, St.ª Eulália e S. Jerónimo (penúltimo Domingo de Agosto), S. Sebastião e S. Fabião (20 de Janeiro), N. Sr.ª de ao Pé da Cruz e N. Sr.ª de Fátima (2.ª semana de Agosto)
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capelas de St.ª Bárbara, de S. Jerónimo, de S. Sebastião e de S. Fabião, Cruzeiro, Fontes, Castro do Picoto, Ponte Romana, Fonte de Mergulho, Castelo do mau Vizinho e Moinhos de Água.
Gastronomia
Posta de vitela assada na brasa, fumeiro, cabrito e cordeiro assados no forno, folar de Páscoa, rosquilhos e pão-de-ló.
Colectividades
Lar/centro Social e Paroquial de St.ª Eulália, Associação de Caçadores de Pinelo e Centro Cultural e Recreativo de Pinelo.
Outros locais de interesse turístico
Cabeço do Facho ou Pedra Lumieira e Zona de Caça (coelho, lebre e javali).
Artesanato
Tecelagem cestaria, ferraria, calçado e alfaiataria.
Aldeia anexas
Vale de Pena.
A 8 Kms da sede de concelho, a freguesia de Pinelo situa-se a noroeste da vila de Vimioso, na margem esquerda do Rio Maçãs. É uma das mais antigas freguesias deste concelho. Além dos numerosos achados arqueológicos, comprova esta afirmação o facto de ter sido elevada a vila ainda durante o reinado de D. Afonso Henriques.
O primeiro documento referente à freguesia e, que nos dá algumas informações sobre os seus primeiros tempos, data de 1187. É a mesma carta de doação que já referimos noutras freguesias, num contrato estabelecido entre a Coroa que dava esta povoação de Pinelo e muitas outras deste concelho, em troca de uma herdade do mosteiro de Castro de Avelãs em Benquerença – Bragança. Além daquele convento, possuía aqui bens, também, os cónegos da Sé de Miranda do Douro.
Segundo o Abade de Baçal, o topónimo provém do nome próprio Pigniolus, ou então poderá ser um diminutivo de pico, cume, monte, outeiro em que se afundam os castelos e praças defensivas. Este facto remete-se para os tempos pré-históricos de Pinelo e para a possível existência de um castro lusitano romanizado ou não em data posterior.
Com efeito, no sítio de Lagoaço, foi descoberta em Abril de 1935 uma lápide funerária, em granito, de forma cilíndrica e com uma inscrição incompleta. Consegue ler-se, apesar de lhe faltar a lápide superior, que “AMOR/XXII/HSE”. Ou seja, um tal homem, de apelido Amor, morreu aos 22 anos e está ali sepultado.
No mesmo local, surgiram alguns objectos de uso quotidiano, como um cadeado de cozinha, usualmente conhecido como lares, dois pondus de barro, uma moeda em cobre e diversos fragmentos cerâmicos avulsos.
Nas Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, aparece a forma Pinello. Através do conteúdo do documento, podemos ver que, a povoação e a igreja de St.ª Eulália pertenciam ao rei D. Afonso Henriques, D. Sancho I doou-as, posteriormente, ao mosteiro de Castro de Avelãs, antes da troca anteriormente referida.
Recebeu carta de foral em 4 de Julho de 1288, concedida por D. Dinis em Leça do Balio. Uma das obrigações da vila que, já o era no tempo do primeiro monarca português, era a de cada um dos seus moradores pagar o foro um imposto de vinte soldos.
Pinelo foi um curato de apresentação do cabido da Sé de Bragança. O curo tinha de rendimento anual apenas 6000 réis de côngrua mais o pé de altar. Passou a freguesia independente com o título de reitoria.
A igreja paroquial, dedicada a St.ª Eulália, é o mais interessante monumento de Pinelo. Situada em lugar elevado da freguesia, preside altaneira e orgulhosa aos destinos da sua população. Em volta, o adro, tinha, segundo os construtores do templo, como objectivo impedir que o edifício fosse profanado por “animais imundos”. Muito espaçosa, é de uma só nave, dividida por dois arcos em diafragma. A capela-mor é toda em granito, separada da nave por um arco triunfal assente sobre um pedestral. Exteriormente, é muito harmoniosa e homogénea, conferindo-lhe uma agradável perspectiva a torre sineira e um campanário.
O retábulo, conhecido como o Divino Senhor, mas que está consagrado actualmente, ao sagrado Coração de Jesus, é de talha nacional do Segundo Período.
Tem a forma de um pórtico românico, onde as colunas se dispõem em forma de rentrante. A sua construção deve ser posterior à primeira metade do século XVIII, sendo o seu autor, pelas suas características, o mesmo do retábulo da igreja matriz de Argoselo. Muito interessante é, também, o retábulo das Almas do Purgatório. Em talha barroca, representa o Céu, o Inferno e o Purgatório.
Nas “Memórias Paroquiais” de 1758, o pároco local, o cura José Afonso, transmite as seguintes informações em relação ao interior do templo: “Tem três altares: o altar mor, com a padroeira St.ª Eulália; o segundo dedicado à Sr.ª da Expectação e o terceiro à Sr.ª do Rosário, como sede da confraria”.
Na capela dos Santos Mártires, S. Sebastião e S. Fabião, merece destaque o retábulo do altar-mor de estrutura maneirista, é decorado em talha nacional.
É formado por um banco ornamentado com cartelas de folhagem estabilizada e um painel de acanto no centro do banco. Foi construído nos inícios do século XVIII.
Na capela de S. Jerónimo e St.ª Bárbara, volta a destacar-se o retábulo do altar-mor. Muito simples, é constituído por duas colunas pseudosalomónicas. A ornamentação é semelhante a outros retábulos, uvas, parras e meninos em grande movimentação. A coroar o retábulo, uma tarja em forma de coroa de acanto.
Curiosas em Pinelo, são algumas tradições ligadas ao casamento. Segundo o povo, os tremoços bem curados faziam um casal feliz. Numa prática que, aqui há alguns anos, ainda era realizada em todas as cerimónias de matrimónio. Colocavam-se tremoços antes de se iniciar a refeição e dizia-se: “Ide-vos dar bem, ou ide-vos dar mal”, conforme estivessem bem ou mal curados. Dessa frase dependia o destino dos jovens noivos.