INFORMAÇÃO
Junta de Freguesia de Carção
População
419 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, construção civil, oficinas auto e pequeno comércio.
Festas e romarias
N. Sr.ª das Graças (último Domingo de Agosto) e S. Roque (15 e 16 de Agosto).
Património cultural e edificado
Igreja Paroquial, Capelas de St.ª Marinha, de St.º Estevão, de S. Roque e de St.ª Bárbara, Castro, Castelo e Poço dos Mouros, Pedra Lavrada, Caverna com Capelinha, Caminho Romano e Cruzeiros.
Gastronomia
Fumeiro, folar da Páscoa, posta mirandesa, rosquilhas e doçaria caseira.
Colectividades
Grupo Desportivo de Carção, Associação de Caça e Pesca, Associação dos Amigos e Melhoramentos de Carção, Associação Cultural Almocreves de Carção.
Outros locais de interesse turístico
Rio Maçãs, Zona de Pesca (barbo, boga e truta) e Caça (montarias ao javali).
Artesanato
Tecelagem.
Citada desde os primeiros tempos da Nacionalidade, Carção encontra-se a cerca de 12 Kms da sede do concelho. Segundo as inscrições de 1258, a freguesia fora dada durante o reinado de D. Sancho I a D. Facundo, fidalgo de Leão. A Ordem do Hospital também tinha alguns bens.
A primeira referência escrita à freguesia data de 1187. Os monges do Convento de Castro de Avelãs doaram à Coroa a sua herdade de Benquerença, no local que é actualmente Bragança. Em troca, recebiam, entre outras, a povoação de Carção.
Por volta de 23 de Fevereiro de 1418, D. João I concedia ao “Castello douteiro de Miranda” as aldeias de Pinelo, Algoso, Santulhão e ainda a de “Garçam”, que era a de Carção. Foi um curato de apresentação do cabido de Miranda e tinha rendimento anual de 6000 réis de côngrua e o pé de altar. Pertenceu ao concelho de Outeiro até 1853, e por extinção deste passou para o de Vimioso.
carção foi referido por Camilo Castelo Branco no seu romance mais conhecido “Amor de perdição”. Daqui era natural o recoveiro, o típico Bento Machado, cuja morte foi vingada pelo seu filho.
Refere Sat’Anna Dionísio, no “Ares de Trás-os-Montes”, em relação à posição geográfica de Carção: “Logo após a aldeia de Pindo, avista-se a meia distância, do lado do poente, a populosa povoação de Carção, berço do infortunado estadista António Granjo (morreu em 1921) situada em uma ampla plataforma, do lado de lá, delimitada pelo Vale do sabor, do lado de cá, pela corroída cortadura do Rio Maçãs.
Os olhos passeiam à vontade em todos os sentidos, desde as ribas dominadoras do cañon fronteiriço do Douro Mirandês até aos cumes, usualmente alvos de neve, das serras leonesas. Ao cabo dum troço de recta, encontramo-nos numa encruzilhada. A estrada que segue em frente dirige-se para Miranda; a que diverge para a direita conduz-nos, com brevidade,a Vimioso”.
Um dos mais bonitos recantos da freguesia é aquele que se pode contemplar da ponte sobre o Rio Maçãs (construída em 1959). Forma engenhosa de ultrapassar o rio, em tempos difíceis da luta do homem contra a natureza, oferece um amplo panorama, não só natural. É que, além das paisagens e da própria ponte, encontram-se bem perto uma curiosa caverna, cuja datação não se conhece, embora os seus objectivos, protecção contra o frio, defesa das neves e geadas que, no Inverno, caem com abundância, sejam mais ou menos óbvios. Na caverna que, com o decorrer dos tempos, deixou de ter a mesma função, existe uma pequena capelinha, local de culto para as religiosas populações locais. De referir, ainda, outra ponte, velha de estilo romano, que servia o caminho de ligação com as aldeias da parte sul do concelho, visitada em 1814 pela Câmara de Vimioso, já que se encontrava praticamente em ruínas. A um tal de José Fernandes, do lugar de Coelhoso, e João Fernandes, da vila, foi dada a empreitada da obra tendente a restaurar a sua estrutura.
O destaque maior vai, no entanto, para a Igreja Paroquial. Substitui uma outra que aqui existiu, durante a Idade Média e que era de concepção românica. O actual templo, produto de muitas reconstruções e alterações ao longo dos séculos, foi terminado da forma como o conhecemos por volta de 1820, numa época em que era proprietária da igreja a Mesa de Consciência e Ordens, já não o Cabido.
É uma igreja de planta rectangular, muito simples, com um agradável prospecto exterior. A capela-mor apresenta um retábulo rocaille em talha. Separa a nave da capela-mor, um arco triunfal de volta inteira. Do lado do Evangelho, pode ver-se um retábulo muito interessante das Almas do Purgatório. Do lado da Epístola, dois outros retábulos mas de menor valor, embora mereça destaque a sua construção tipicamente popular.
Ainda uma referência à Capela de St.º Estevão, fundada em 1661 pelos moradores de Carção.
Foi importante na freguesia, em tempos, a indústria dos cortumes. A destilaria de vinho, que chegou a contar com duas grandes fábricas, também teve grande importância no século XX. Recuando mais ainda no tempo, socorremo-nos das informações produzidas pelo Pe. Luis Cardoso para avaliarmos a importância que a caça chegou a ter no contexto económico da freguesia: “é áspero (seu termo), e, por isso, falta de todo o género de frutas, e ainda pão e vinho produz em muito pouca quantidade, cria muita caça de perdizes, lebres e coelhos, por ser tudo serrania, povoada de grandes matas e arvoredos.
Carção é constituído por um povo trabalhador, de vida árdua e difícil. Prova disso mesmo é a emigração que afectou a freguesia de forma marcante em meados do século passado. As terras eram posse de alguns abastados e quem as trabalhava eram dezenas de jornaleiros que labutavam de sol a sol para sustentarem as famílias.
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Matela…
Presidente da junta
Hélder Domingos Ramos Pais
Contato:
Orago
N. Sr.ª da Purificação.
População
228 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, construção civil, serralharias e comércio.
Festas e romarias
St.º Antão (3.º Domingo de Agosto) e N. Sr.ª do Bom Despanho (1.º Domingo de Julho).
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capelas de N. Sr.ª do Bom Despacho e de St.º Antão, Cruz Simples, Ponte Românica, Fraga do Castelo, Picão de Pena de Águia e Fonte.
Gastronomia
Fumeiro, posta mirandesa, frango caseiro no churrasco, folar, bolos de Páscoa, rosca e ramo (composto de rosquilhos).
Colectividades
Centro Cultural e Desportivo de Matela e Associativa de Caça.
Outros locais de interesse turístico
Fraga do Castelo, Picão de Pena de Águia, Zona de Caça (perdiz, coelho, lebre e javali) e pesca nos rios Sabor e Maçãs (barbo, boga e escalo).
Artesanato
Rendas e bordados, toalhas de linho e cobertas (colchas).
Aldeias anexas
Avinhó e Junqueira.
Matela é uma das freguesias de Vimioso, já nas fronteiras com Macedo de Cavaleiros, situada a oeste. O Tombo dos Bens de Algoso, um manuscrito à guarda do Museu de Bragança, descreve rigorosamente os limites desta freguesia, esteve muito tempo anexa à reitoria da paróquia da vila de Algoso e era de apresentação do reitor de Algoso e, só mais recentemente, passou a vigairaria. De certa forma, pertencia ao termo de Algoso e, por via disso, era também pertença da Coroa Real.
Como parte que ra do termo de Algoso, Matela beneficiou do foral dado àquela vila por D. Manuel em 1510. Os foros que por então pagava, iam para a Ordem de Malta que tinha na Igreja de S. Sebastião de Algoso, a cabeça de uma comenda, concedida por D. Sancho II em 1226.
Esta integração, no pequeno e histórico concelho de Algoso, fazia com que os habitantes de Matela tivessem de recorrer aí, para todos os assuntos políticos administrativos e judiciais de primeira instância.
Era em Algoso que se repartiam as sisas a pagar, aí se aferiam as medidas a utilizar, aí se elaboravam as posturas regulamentares da vida da aldeia. Como isso era incómodo, criou-se aqui um Juiz Vintaneiro, assim chamado porque, por regra, superintendia uma pequena comunidade camponesa não superior a vinte casais.
Na sua origem, comunidades pequenas de camponeses, como esta de Matela, e outras desta região, estão relacionadas com os acontecimentos e com a situação de repovoamento, durante a segunda metade do século XII e principalmente durante o século XIII. A região era abundante em fortificações castrejas, cujos vestígios aparecem em vários pontos do concelho de Vimioso. Por exemplo, em Algoso, um notável Castelo Medieval foi construído nos finais do século XII, precisamente sobre um antigo castro, talvez no tempo da romanização. Os topónimos Castro e Castelinho ainda, hoje, nos recordam esses vistosos altos e naturalmente defensáveis, onde os nossos antepassados tinham a sua vida organizada à base da pequena agricultura, da pastorícia e da caça. Em Matela, o topónimo Fraga do Castelo, parece significativo, tal como a da povoações de Pena de Águia merecia ser divulgado. São, ainda, hoje locais de excelente visibilidade, onde vale a pena ir, quanto mais não seja pelas belas panorâmicas que daí se desfrutam.
Sabe-se que aos romanos, este “habitat” não interessava, isso sim, que as populações descessem a cultivar de forma intensa as terras baixas e planas onde organizavam as “villas” rústicas e para onde atraíam as populações. Nos tempos anteriores à formação de Portugal como nação estas terras sofreram graves perturbações decorrentes das constantes razias feitas pelas hostes mouriscas e cristãs. É provável que muitas destas pequenas comunidades de aldeia tivessem desaparecido ou sido abandonadas, sobretudo as que, como Matela, se ocuparam de terras planas e férteis onde tinham a sua agricultura, mas que estavam expostas a toda a espécie de rapinas, viessem elas donde viessem. É frequente aqui e por toda a região, contarem-se “estórias” de esconderijos cristãos, à mistura com penhascos e castros dos mouros. Devido a este abandono, perdeu-se, por toda a região, a preciosa memória toponímica luso-romana e germânica que poderia documentar o povoamento durante a Alta Idade Média.
Sabe-se que uma das principais preocupações dos nossos primeiros reis foi a de fazer regressar “populatores” (povoadores) a estas terras. Curiosamente, as circunstâncias poíticas da altura permitiam que este repovoamento fosse feito por entidades leonesas, fidalgos e mosteiros, o que não deixa de ser ou parecer uma prova de como também a história, escreve direito pelas linhas tortas. É que, em tempos pré-romanos, habitaram esta região os povos Zelae e durante a romanização, toda a região esteve muito mais ligada a Astorga que é a parte mais ocidental da Península. Um resultado dessa permanência da aculturação inicial, pode ver-se, ainda, na forma de falar das gentes daqui, senão mesmo na língua mirandesa que alguns pensam ter resultado deste repovoamento que resultou, por tal modo, positivo ao enquadrar-se na memória antropológica e cultural da região que marcou realmente a diferença cultural. Os seus poucos mais de 300 habitantes continuam a viver da agricultura, do vinho, do trigo, do centeio, da aveia e o azeite que cultivam com mãos de mestre.
Uma vida rural comunitária, ao ritmo do calendário agrícola, que as festas e romarias pontuam ao longo do ano, principalmente o Verão, quando o calor dá maior força para amadurecer o que a mãe natureza cria e há tempo para esperar pelos resultados das colheitas. Embora a padroeira seja a N. Sr.ª da Purificação ou das candeias, por Fevereiro, o tempo de folgar só aparece com a romaria da Sr.ª dos Bom Despacho no 1.º Domingo de Julho ou pelo St.º Antão (3.º Domingo de Agosto).
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Pinelo…
Presidente da junta
Joana Filipa Carvalho Pires
Orago
St.ª Eulália.
População
222 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, olivicultura, moagem, serração de madeiras e comércio.
Festas e romarias
St.ª Bárbara, St.ª Eulália e S. Jerónimo (penúltimo Domingo de Agosto), S. Sebastião e S. Fabião (20 de Janeiro), N. Sr.ª de ao Pé da Cruz e N. Sr.ª de Fátima (2.ª semana de Agosto)
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capelas de St.ª Bárbara, de S. Jerónimo, de S. Sebastião e de S. Fabião, Cruzeiro, Fontes, Castro do Picoto, Ponte Romana, Fonte de Mergulho, Castelo do mau Vizinho e Moinhos de Água.
Gastronomia
Posta de vitela assada na brasa, fumeiro, cabrito e cordeiro assados no forno, folar de Páscoa, rosquilhos e pão-de-ló.
Colectividades
Lar/centro Social e Paroquial de St.ª Eulália, Associação de Caçadores de Pinelo e Centro Cultural e Recreativo de Pinelo.
Outros locais de interesse turístico
Cabeço do Facho ou Pedra Lumieira e Zona de Caça (coelho, lebre e javali).
Artesanato
Tecelagem cestaria, ferraria, calçado e alfaiataria.
Aldeia anexas
Vale de Pena.
A 8 Kms da sede de concelho, a freguesia de Pinelo situa-se a noroeste da vila de Vimioso, na margem esquerda do Rio Maçãs. É uma das mais antigas freguesias deste concelho. Além dos numerosos achados arqueológicos, comprova esta afirmação o facto de ter sido elevada a vila ainda durante o reinado de D. Afonso Henriques.
O primeiro documento referente à freguesia e, que nos dá algumas informações sobre os seus primeiros tempos, data de 1187. É a mesma carta de doação que já referimos noutras freguesias, num contrato estabelecido entre a Coroa que dava esta povoação de Pinelo e muitas outras deste concelho, em troca de uma herdade do mosteiro de Castro de Avelãs em Benquerença – Bragança. Além daquele convento, possuía aqui bens, também, os cónegos da Sé de Miranda do Douro.
Segundo o Abade de Baçal, o topónimo provém do nome próprio Pigniolus, ou então poderá ser um diminutivo de pico, cume, monte, outeiro em que se afundam os castelos e praças defensivas. Este facto remete-se para os tempos pré-históricos de Pinelo e para a possível existência de um castro lusitano romanizado ou não em data posterior.
Com efeito, no sítio de Lagoaço, foi descoberta em Abril de 1935 uma lápide funerária, em granito, de forma cilíndrica e com uma inscrição incompleta. Consegue ler-se, apesar de lhe faltar a lápide superior, que “AMOR/XXII/HSE”. Ou seja, um tal homem, de apelido Amor, morreu aos 22 anos e está ali sepultado.
No mesmo local, surgiram alguns objectos de uso quotidiano, como um cadeado de cozinha, usualmente conhecido como lares, dois pondus de barro, uma moeda em cobre e diversos fragmentos cerâmicos avulsos.
Nas Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, aparece a forma Pinello. Através do conteúdo do documento, podemos ver que, a povoação e a igreja de St.ª Eulália pertenciam ao rei D. Afonso Henriques, D. Sancho I doou-as, posteriormente, ao mosteiro de Castro de Avelãs, antes da troca anteriormente referida.
Recebeu carta de foral em 4 de Julho de 1288, concedida por D. Dinis em Leça do Balio. Uma das obrigações da vila que, já o era no tempo do primeiro monarca português, era a de cada um dos seus moradores pagar o foro um imposto de vinte soldos.
Pinelo foi um curato de apresentação do cabido da Sé de Bragança. O curo tinha de rendimento anual apenas 6000 réis de côngrua mais o pé de altar. Passou a freguesia independente com o título de reitoria.
A igreja paroquial, dedicada a St.ª Eulália, é o mais interessante monumento de Pinelo. Situada em lugar elevado da freguesia, preside altaneira e orgulhosa aos destinos da sua população. Em volta, o adro, tinha, segundo os construtores do templo, como objectivo impedir que o edifício fosse profanado por “animais imundos”. Muito espaçosa, é de uma só nave, dividida por dois arcos em diafragma. A capela-mor é toda em granito, separada da nave por um arco triunfal assente sobre um pedestral. Exteriormente, é muito harmoniosa e homogénea, conferindo-lhe uma agradável perspectiva a torre sineira e um campanário.
O retábulo, conhecido como o Divino Senhor, mas que está consagrado actualmente, ao sagrado Coração de Jesus, é de talha nacional do Segundo Período.
Tem a forma de um pórtico românico, onde as colunas se dispõem em forma de rentrante. A sua construção deve ser posterior à primeira metade do século XVIII, sendo o seu autor, pelas suas características, o mesmo do retábulo da igreja matriz de Argoselo. Muito interessante é, também, o retábulo das Almas do Purgatório. Em talha barroca, representa o Céu, o Inferno e o Purgatório.
Nas “Memórias Paroquiais” de 1758, o pároco local, o cura José Afonso, transmite as seguintes informações em relação ao interior do templo: “Tem três altares: o altar mor, com a padroeira St.ª Eulália; o segundo dedicado à Sr.ª da Expectação e o terceiro à Sr.ª do Rosário, como sede da confraria”.
Na capela dos Santos Mártires, S. Sebastião e S. Fabião, merece destaque o retábulo do altar-mor de estrutura maneirista, é decorado em talha nacional.
É formado por um banco ornamentado com cartelas de folhagem estabilizada e um painel de acanto no centro do banco. Foi construído nos inícios do século XVIII.
Na capela de S. Jerónimo e St.ª Bárbara, volta a destacar-se o retábulo do altar-mor. Muito simples, é constituído por duas colunas pseudosalomónicas. A ornamentação é semelhante a outros retábulos, uvas, parras e meninos em grande movimentação. A coroar o retábulo, uma tarja em forma de coroa de acanto.
Curiosas em Pinelo, são algumas tradições ligadas ao casamento. Segundo o povo, os tremoços bem curados faziam um casal feliz. Numa prática que, aqui há alguns anos, ainda era realizada em todas as cerimónias de matrimónio. Colocavam-se tremoços antes de se iniciar a refeição e dizia-se: “Ide-vos dar bem, ou ide-vos dar mal”, conforme estivessem bem ou mal curados. Dessa frase dependia o destino dos jovens noivos.