Junta de Freguesia de Argozelo
Junta de Freguesia de Argozelo
População
701 habitantes
Actividade económica
Agricultura, olivicultura, vinícultura, amêndoa, cortiça, construção civil, serralharia, indústria de transformação de madeira e, noutros tempos, a extracção mineira (volfrâmio e estanho).
Festas e romarias
S. Bartolomeu (24 de Agosto), N. Sr.ª das Dores e St.ª Bárbara (2.º fim-de-semana de Agosto) e S. Roque (1.º fim-de-semana de Agosto).
Património cultural e edificado
Igreja Paroquial, Capelas da Sr.ª do Bonfim, St.º Amaro, S. Sebastião e S. Bartolomeu, Solar com Capela, Ponte Manuelina, Cruzeiros, Castros da Terronha, Serro Grande e S. Bartolomeu e moinho de água
Gastronomia
Cozido à portuguesa, enchidos, folar da Páscoa e doçaria caseira.
Colectividades
Centro Cultural e Desportivo de Minas de Argoselo, Associação Recreativa de Argoselo, Centro Paroquial e Associação de Caça e Pesca.
Outros locais de interesse público
Planalto de S. Bartolomeu (Santuário de S. Bartolomeu).
Feiras
Mensal (dia 23) e Feira Anual “S. Bartolomeu” (23 de Agosto).
Inicialmente denominada Ulgoselo, esta freguesia foi povoada pelo menos desde os inícios da Idade Média, a julgar pela documentação escrita. No entanto os primeiros habitantes podem ter chegado muito antes.
A lenda aponta neste sentido, mas também alguns vestígios que poderão revelar-se pré-históricos, depois de estudos arqueológicos mais profundos. Nas ladeiras do Rio Sabor, num sítio chamado Covas do Teixo, existem dois redutos chamados pelo povo de Buraco do Fumo e Sala Assombrada, dizem que aqui viveu o homem paleolítico. Além deste facto, pouco significativo, se analisado isoladamente, foram encontrados no termo da freguesia quatro machados do período Neolitico, um fragmento de cobre e um de bronze. Todos estes vestígios encontram-se actualmente em Bragança.
O documento mais antigo que dá a conhecer a freguesia data de 1187. Nesse documento, os monges de Castro de Avelãs dão ao Rei a sua herdade de Benquerença, local onde se situa, actualmente, Bragança. Em troca, a Coroa dava aos referidos monges a Igreja de S. Mamede, hoje aldeia extinta, e as suas vilas de Santulhão, Pinelo e Argoselo, na época Ulgosello. Cem anos depois, ainda os frades de Castro de Avelãs e o arcebispado de Braga andavam às voltas sobre a real posse daqueles territórios.
Um despacho de D. Dinis datado, de 1319, sanava o conflito e determinava os verdadeiros direitos sobre a posse da actual freguesia.
Em 1290, D. Dinis dava carta de foro à freguesia, que a partir daí ganhava uma independência relativa.
A nível populacional, o crescimento maior deu-se, no entanto, a partir do século XVI. Com expulsão dos Judeus de Espanha, e porque Argoselo se encontrava perto da fronteira, centenas de gente daquela raça acorreu à freguesia, aumentando em muito o seu número de habitantes. O certo é que, hoje, o traçado da povoação apresenta características nitidamente judaicas, com ruas muito estreitas e becos sem saída. Este facto comprova bem a sua importância no desenvolvimento da terra.
A partir de 1317, Argoselo fora integrada no concelho de Miranda do Douro.
Passou para o de Outeiro em 1530, mas com a extinção deste, em 1853, integrou de forma definitiva o de Vimioso.
A primeira Igreja Paroquial de Argoselo, construída por volta do século XII ou XIII, era muito pequena. Para substituir, foi erguida uma outra, e denominada a primeira, mais ampla e num lugar central da freguesia, que desde a Idade Média crescera muito. O projecto da sua construção tomou forma a partir de uma Visitação de 1706, depois de várias que já tinham sido feitas antes e que tinham tido como resultado único a continuação da deterioração do templo.
O Cónego Gaspar da Rocha, que visitou a Igreja naquele ano, tomou em consideração as vontades da população, que praticamente exigia um local para a celebração dos seus cultos. Referiu no relatório que enviou para o cabido: “Consta-me que a maior parte dos fregueses deste povo, considerando o mau sítio em que está a Igreja Matriz e desacomodo geral para todos principalmente no tempo de Inverno por estar quase fora do mesmo lugar, donde poucas vezes se ouvem os sinos e ser tão pequena que apenas coube a terça parte da gente do mesmo povo dentro dela querem mudá-la para parte onde seja mais conveniente para todos”.
Iniciadas em 1728, terminaram as obras em 1732. É uma igreja de cunho popular. É de uma só nave, dividida em três tramos por dois arcos diafragma em forma de meio ponto. Separa a capela-mor da nave da igreja um arco triunfal de nítido sabor neoclássicopopular. Com as mesmas características, pode ver-se sobre o supedâneo do altar-mor um retábulo em bonita talha dourada.
Quanto ao exterior da igreja, tem uma bela escadaria que dá acesso ao campanário. Este apresenta-se bem separado da parte inferior da frontaria, que tem o portão principal com um dintel composto. Todo o conjunto está enquadrado por fortes pilastras. Uma igreja muito digna, em conclusão, que serve com orgulho as populações de Argoselo, que demonstram a sua religiosidade através de quadras como aquela que aqui apresentamos: “Adeus lugar de Argoselo, ao longe pareces vila, S. Sebastião à entrada, Santo Amaro à saída”.
Além da igreja paroquial, outros templos merecem referência, quer pela sua importância no culto da população, quer pela sua beleza artística. É um exemplo, a setecentista Capela de Santa Cruz, com um belo retábulo de talha barroca. A antiga Capela de S. Bartolomeu tinha, também, um retábulo que se encontra actualmente na ermida que lhe sucedeu.
Em relação à evolução económica da população ao longo do século XX, refere a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” relativamente à situação por volta de 1940: “… é uma das mais importantes freguesias do concelho, pela sua indústria e comércio e pela excelência das suas terras”. Actualmente, pode dizer-se que a agricultura continua em lugar de destaque, com produtos como o trigo, o centeio, o azeite e o vinho, mas a indústria apresenta-se já muito diversificada, como a construção civil, serralharia civil e os lagares de azeite. Houve extracção mineira até 1986, mas as minas de volfrâmio e de estanho estão actualmente desactualizadas.