UF Algoso, Campo de Víboras e Uva
UF Algoso, Campo de Víboras e Uva
Algoso…
Orago
S. Sebastião
População
281 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, olivicultura, vinicultura, amêndoa, cortiça, construção civil, serralharias e pequeno comércio.
Feiras
Mensal (9 de cada mês) e Feira Anual “S. Lourenço (9 de Agosto).
Festas e romarias
St.º António (13 de Junho), S. João (24 de Junho), N. Sr.ª da Assunção (15 de Agosto) e S. Roque (16 de Agosto).
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Castelo de Algoso, Pelourinho, Capela da Misericórdia, Capela de S. Roque, Capela de S. João Baptista e de N. Sr.ª da Assunção, Estrada Romana, Ponte Romana, Fonte Santa, antigos Paços do Concelho e Ruínas do Convento.
Gastronomia
Posta mirandesa, cordeiro assado, cabrito assado e em caldeirada, rosquilhos de S. João, bolo de Páscoa, bolo centeio, dormidos, folar e fumeiro.
Artesanato
Carpintaria, rendas e bordados.
Colectividades
Centro Cultural e Desportivo de Algoso.
Aldeia anexa
Vale de Algoso (Turismo Rural).
A antiga vila transmontana de Algoso foi sede de concelho até 1855, ano em que foi extinto e incorporado no município de Vimioso. No extremo sul da povoação, ergueu-se o castelo, obra de Mendo Rufino nos finais do século XII, possivelmente ainda no reinado de D. Afonso Henriques , embora alguns autores se inclinem mais para a sua construção, pelo mesmo Mendo Rufino , mas já no tempo de D. Sancho I, a quem de resto patrocinador do reduto o ofereceu, recebendo a título de recompensa o Senhorio de Vimioso.
O castelo surge no alto do Monte da Penênciada, um cabeço penhascoso que se despenha quese a pique, a mais de 600 metros, sobre o Rio Angueira, que, por sua vez, vai confluir a Oeste com o Rio Maçãs.
Quem segue pela estrada de Mogadouro para Vimioso, não pode deixar de se impressionar quando, a meio caminho entre as duas localidades, avista este castelo.
Irresistível, se torna, pois, a subida a algoso, nos tempos medievais chamada Ulgoso e Ylgoso, de onde se disfruta uma vista deslumbrante.
Deslumbrante é, também, o castelo, de reduzidas dimensões, que fez parte de uma linha defensiva de antiquíssimos tempos com mais três fortificações: a de Milhão, Santulhão, destruídas talvez pelos leoneses ainda durante os primeiros reinados portugueses, e a de Outeiro, hoje, praticamente em completa ruína.
O Castelo de Algoso, construído à base de xisto quártzico e granito, é de planta rectangular, com antrada pelo lado Norte por porta em arco pleno, defendida pelo que resta de um cubelo, já sem merlões. Surge então a pequena praça de armas.
Onde aparecem, tal como no exterior, panos de muralha em paralelo com a penedia, que em muitos pontos funciona como alicerce da cerca.
A torre de menagem aparenta sinais de três registos. Os dois dois primeiros destinavam-se à zona habitacional e o último à defesa.
Ainda na Época Medieval, o Castelo de Algoso foi cedido, por D. Sancho II à Ordem do Hospital (depois Ordem de Malta), em 1226, e nele residiu o representante real das Terras de Miranda e de Penas Roias, ambas aindaacasteladas nos tempos de hoje, se bem que, nesta última localidade, muito pouco resta da fortificação aí erguida.
Já no século XVIII, mais concretamente em 1710, por alturas da invasão espanhola motivada pela Guerra dos Sete Anos, Algoso sofreu saques, tal como outras terras desta região. O principal alvo dos espanhois foi Miranda do Douro, cuja fortaleza quase se viu reduzida a escombros, na sequência de enorme explosão no paiol, mas as localiaddes da zona de Vimioso também não escaparam à fúria da nação vizinha. Algoso, no entanto, consuguiu resistir aos ataques e evitou a ocupação, apesar da sua guarnição, comandada por alferes, ser pouco numerosa.
Aquando das invasões francesas, ficou célebre o nome de juiz de fora de Algoso, Jacinto de Oliveira Castelo Branco. Este magistrado, além de não acatar, em 1808, as ordens de Junot, continuava a usar nos processos o nome da Sua Alteza Real, apesar de D. João VI já ter embarcado com a família para o Brasil e os franceses terem declarado abolida a Dinastia de Bragança.
Campo de Víboras…
Orago
Nossa Senhora dos Aflitos
População
155 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária, construção civil e pequeno comércio.
Festas e romarias
St.ª Bárbara e S. Tiago (último fim-de-semana de Agosto) e Sr. dos Aflitos (3 de Maio).
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capela do Sr. dos Aflitos, de St.ª Bárbara e de S. Tiago, Cruzeiro, Marco Geodésico, Fonte e Cruz de N. Sr. dos Aflitos (15 metros de altura).
Gastronomia
Borrego assado, posta mirandesa, pudim e pão-de-ló.
Colectividades
Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Campo de Víboras.
Outros locais de interesse turístico
Os mencionados em Património Cultural e Castelo da Serra, Ribeira de Angueira e
Rio Maçãs (pesca: barbo, boga e escalo) e Zona de Caça (perdiz, coelho, lebre e javali).
Artesanato
Rendas e bordados.
A 7 Kms de Vimioso, a freguesia de Campo de Víboras encontra-se numa zona baixa, entre dois cumes montanhosos.
Sobre o topónimo que dá o nome à freguesia, assaz curioso, refere o Abade de Baçal nas suas Notas Monográficas sobre o concelho: “ A villa (aldeia) de Viberes, como se encontra nas Inquirições, procede de viperas por virtude do abrandamento do p em b e da passagem para o do e átomo por influência da labial b. Por haver, no sítio, abundância de víboras é que deve ter passado a chamar-se Campo de Víboras. E já assim se chamava antes de 1530”.
A arqueologia demonstra que o povoamento desta freguesia se iniciou em épocas muito recuadas da história do homem. Demonstram-no os diversos achados que, ao longo dos anos, têm sido registados por aqui. A própria toponímia é também elucidativa: Boca Ranha, Orreta Pereiro e Porto de Santulhão têm sentido topográfico. Se o primeiro nome é de orígem obscura, e o segundo tem óbvia explicação, já o terceiro significa passagem por baixo de cumeadas ou cursos de água.
Pela realidade política dos tempos pós-fundação da Nacionalidade, podemos traçar com relativa clareza o quadro do repovoamento do território de Campo de Víboras, levado a cabo depois das razias e consequente desertificação provocada pelos ataques dos povos muçulmanos em inícios do século XIII.
Com a invasão muçulmana, como referiu de forma muito feliz Eduardo Freitas, apenas nas Astúrias “ficou a tremular, mas ainda assim receoso, o pendão cristão”.
Desde muito cedo, a recuperação territorial foi acontecendo. Esse controle foi conseguido através da nomeação de nobres para cada uma das jurisdições, com o objectivo de defender e, se possível, alargar esse território. A fixação dos Nobres e suas famílias nessas terras, como aconteceu, afinal, em Campo de Víboras, veio estabilizar a autoridade local e esteve na orígem dos condados como entidades políticas.
Existem poucas informações sobre os primeiros tempos da história desta freguesia pós-fundação da Nacionalidade. Nas Inquisições de 1296, de D. Afonso III, há uma referência a Bíberes, povoação que teria sido dada em comenda a D. Pedro Pôncio de Leão um dos tais nobres de que atrás falamos. Coloca-se a hípotese de este Bíberes ser realmente esta freguesia.
Não se conhece a data paroquial exacta de Campo de Víboras, que deverá ter ocorrido depois do fim da Idade Média.
Não estando integrada nas paróquias da Terra de Miranda do século XIII, crê-se, no entanto, que aqui terá sido construído uma pequena ermida na época do seu povoamento, cerca de 1240. Dedicada a St.ª Maria, não tinha porém independência pois estava agregada a outra igreja maior.
A freguesia foi um curato de apresentação do reitor de Vimioso, mas passou, pouco tempo depois, a abadia. Em termos administrativos, começou por ser um simples lugar do julgado de Algoso, na época da fundação da nacionalidade, mas rapidamente passou a pertencer ao termo de Vimioso.
Segundo a “Carographia” do Pe. Cardoso, “ Campo de Víboras foi saqueado e queimado pelo inimigo no tempo das guerras”.
Campo de Víboras foi um curato de apresentação do reitor de Vimioso. Tinha de rendimento anual 8500 réis em dinheiro e o pé de altar.
Do património edificado na freguesia, destacam-se as construções de carácter religioso. É o caso da Igreja Matriz. De agradável prospecto exterior, é um dos orgulhos da população e um bom cartão de visita de Campo de Víboras. É o caso, também, das três capelas existentes, dedicadas a S. Tiago, ao Sr. dos Aflitos, a St.ª Bárbara, e à imponente e magestosa Cruz do N. Sr. dos Aflitos que se eleva a uma altura de cerca de 15 metros.
A população de Campo de Víboras é gente de muito trabalho, dinâmica e empreendedora. Com o seu apoio, a aldeia tem-se desenvolvido nos últimos anos e têm surgido infraestruturas de grande alcance social em que muito vem melhorar a capacidade de resposta da freguesia para os problemas do dia-a-dia. O campo de futebol, exemplar, e o palco de espectáculos, um dos melhores de todo o concelho, são dois bons exemplos do que acabamos de afirmar.
Actualmente, vivem na freguesia de N. Sr. dos Aflitos de Campo de Víboras cerca de uma centena e meia de pessoas. A agricultura é, como sempre foi, a principal base do seu sustento. Os cereais merecem, aqui, a maior atenção dos pequenos lavradores da freguesia: trigo, centeio, cevada, aveia, assim como a batata e o vinho são os mais cultivados. A criação de gado é também importante, pelos recursos alimentares, leite e carne, que fornece os habitantes da povoação, já que se trata de actividade, sobretudo de subsistência. O gado bovino e ovino são os mais abundantes por aqui. Alguma construção civil e pequeno comércio (o grande comércio está relacionado com a migração, sobretudo o comércio de rendas, bordados e ourivesaria) completam de forma rápida o quadro económico de Campo de Víboras.
Uva…
Orago
St.ª Marinha.
População
131 habitantes
Actividade económica
Agricultura e pecuária.
Festas e romarias
Divino St.º Cristo (3 de Maio), S. Brás (3 de Fevereiro) e Festa anual de Vila Chã (1 de Janeiro).
Património cultural e edificado
Igreja Matriz, Capelas do Divino St.º Cristo, Igrejas Paroquiais em Mora e em Vila Chã e pombais típicos da região.
Gastronomia
Presunto, enchidos, posta mirandesa, folar da Páscoa, pão-de-ló e doçaria caseira.
Colectividades
Associação Cultural e Desportiva de Uva, Associação de Caça e Pesca.
Outros locais de interesse turístico
Represas do Rio Angueira, Zona de Caça (coelho, lebre, perdiz e javali) e pesca.
Artesanato
Cobertores de algodão e rendas.
Aldeia anexas
Mora e Vila Chã.
A 17 Kms da sede de concelho, Uva é uma terra fértil e muito abundante em recursos naturais que facilitam a vida dos primeiros homens. Situa-se a pequena distância do Rio Angueira e é composta pelos lugares de Mora e Vila Chã.
O saboroso topónimo que dá o nome à freguesia tem uma explicação que pode não ser tão óbvia quanto parece. O Abade Baçal refere: “No Censo da população de Trallos Montes feito em 1530 aparece esta povoação com 28 moradores, a fazer parte do termo da vila de Algoso e escrita Huva. (…) É de admitir, pois, que a grafia Uva venha de huba. E, sendo assim, não será também de aceitar a origem atribuída a Uva actual”.
Assim, se alguns autores atribuem o seu nome ao facto de haver por aqui muito vinhedo, Sousa Viterbo encontrou outra tese: “na ínfima latinidade Oba, Hova, hoba, Hobana, Aba, Huba, se tomaram pelo casal, ou pequena quinta, constante de casa e campo, em que uma família rústica se mantinha”.
Uma opinião, que aponta para a forma como foi povoada o seu território nos primeiros tempos da Nacionalidade, a freguesia é referida pela primeira vez nas Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, embora indirectamente. Aparece um indivíduo, daqui natural, a depor sobre uma questão relacionada com a povoação de Angueira. O Cadastro da População do Reino, outro dos poucos documentos que até ao século XVI se referem a Uva, dá à freguesia um total de 28 “moradores”, ou seja, 28 fogos. A este número, deviam corresponder cerca de 70 a 80 habitantes, de acordo com os cálculos que habitualmente se fazem para estas situações e para a época.
Logicamente, a vida humana nestas terras de Uva é muito anterior à ocorrência destes factos de meados do século XIII. O lugar do Castelouço indica a possível existência, em tempos anteriores, de um reduto castrejo. Embora a simples proximidade de Algoso fosse suficiente para comprovar um povoamento muito precoce. Quanto ao topónimo Vila Chã da Ribeira (foi freguesia independente), está relacionado com uma unidade económica do tempo dos romanos, as célebres “villas”, e com topografia do local, uma chã.
Durante o reinado de D. Dinis, a freguesia foi objecto de uma questão em relação à sua posse, que pretendida, sem qualquer razão, pela ordem do Hospital. A Coroa iria doá-la durante o século XIV a diversos fidalgos. Os “Bragançãos” eram os nobres territorialmente mais poderosos nestas terras.
Uva era um curato de apresentação do reitor de Algoso. Tinha um rendimento anual de 32 alqueires de trigo e 12 almudes de vinho. Este pequeno rendimento deve-se, certamente, ao facto de a sua instituição paroquial ter ocorrido muito tardiamente. As “Memórias Paroquiais” de 1758 realizadas em todas as igrejas do País fornecem estas e outras informações curiosas sobre a freguesia: “Está situada em um côncavo e nada descobre. (…) Aqui passa a Ribeira de Ingueira, que cria xardas, escalos, enguias e barbos com abundância”. Menciona ainda a existência de duas pontes de cantaria, “hua em hum lugar que chamam São Joanico e outra no termo de Vale de Algoso”.
É orago da freguesia St.ª Marinha, muitas vezes chamada St.ª Maria. A ela foi dedicada a Igreja Matriz de Uva. Escolhida como padroeira em muitas paróquias de Portugal e de Espanha, o seu nome é citado em alguns breviários e escritos antigos, e muitos deles falam até do seu corpo tendo padecido o martírio na Galiza, perto de Orense: o seu corpo diz-se, está guardado numa igreja que é chamada Águas Santas.
Em relação ao património edificado de St.ª Marinha de Uva, dir-se-á que a freguesia é fértil em construção de carácter religioso. O destaque natural vai para a Igreja Paroquial.
Apesar de não haver grandes informações sobre a data exacta em que foi feita, sabe-se que é de estilo românico. A arte românica, que surgiu em França pela mão dos Monges de Cluny, chegou a Portugal ainda no século XI.
Ao contrário do que aconteceu com a arquitectura gótica, que passou entre nós, rapidamente a arquitectura românica se manteve nas suas gloriosas tradições. Apesar dos seus mil anos, resistiu vigorosamente até hoje, bem conservada, ainda monumental.
De forma elucidativa, o românico avançou até ao manuelino. A Igreja Matriz de Uva é disso um bom exemplo, embora tenha sofrido desde a sua origem tantas influências que não permitem tipificar o habitual estilo existente sobretudo no norte do país.
Actualmente, vivem cerca de 172 pessoas em Uva. Na sua grande maioria, dedicam-se a actividades ligadas ao sector primário. Quase diríamos que não poderia ser de outra forma numa freguesia com este nome. Na agricultura, os principais produtos cultivados são o trigo, o centeio, a aveia, o milho, a batata e o vinho. Na pecuária, o gado, bovino e ovino assumem especial preponderância.